segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mâe, por Carlos Drummond de Andrade

Para Sempre



"Por que Deus permite que as mães vão se embora?

Mãe não tem limite, é tempo sem hora,

luz que não se apaga quando sopra o vento

e chuva desaba, veludo escondido

na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento.

Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça, é eternidade.

Por que Deus se lembra

- mistério profundo -

de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,

baixava uma lei:

Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre

junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino

feito grão de milho".

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