terça-feira, 6 de abril de 2010

Isabela e a culpa coletiva

Muito bom para reflexão o artigo da diretora da sucursal da Época Ruth Aquino, da última edição da revista, em 01/04/10.


Fogos de artifício, risos e aplausos. O que leva a massa a comemorar com felicidade a comprovação de um crime monstruoso contra uma menina de 5 anos? Por um lado, a vontade de dizer: fiz parte do júri popular que condenou o pai e a madrasta. Mas Isabella também desperta a consciência do medo de si mesmo. Milhões de crianças sofrem maus-tratos em casa. Tapas, beliscões, chutes, socos, safanões, queimaduras, chineladas, abusos sexuais.
E a maioria desses dramas continua oculta. Alguns milhares de casos chegam a hospitais e delegacias, denunciados por vizinhos, médicos e professores. Ou devido a complicações em ferimentos e fraturas. Como classificar de “morte acidental” um crime contra uma criança indefesa? Um adulto que descarrega sua força, seu ódio e frustrações contra um bebê ou uma criança deveria saber que esganar um filho pode asfixiá-lo.

No Brasil, cerca de 18 mil crianças são vítimas de violência doméstica por dia, segundo a Sociedade Internacional de Prevenção de Abuso e Negligência na Infância (Sipani). Parentes próximos – mães em primeiro lugar, pais, madrastas e padrastos – causam 80% das agressões físicas contra crianças. De hora em hora, morre no mundo uma criança queimada, torturada ou espancada pelos pais ou responsáveis, segundo o Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Como definir “maus-tratos” contra uma criança? Palmadas são maus-tratos? Um beliscão que deixa marca vermelha é abuso? Puxar a criança desobediente pela orelha é crueldade? Dar uma chinelada ou bater de cinto sem causar hematoma é repugnante? Agarrar o bracinho infantil com raiva até deixar a marca dos dedos adultos é covardia? Ou os “maus-tratos” são agressões mais graves, como queimar com cigarro ou ferro, quebrar os ossos com pancadas, esbofetear o rosto e estuprar?

Como mãe, diria que todas essas atitudes são maus-tratos inadmissíveis. Pais não são perfeitos. Nós explodimos. Mas quem recorre à força contra crianças deve se tratar. A agressão contra os filhos, não importa o nível, é um mal que precisa ser combatido com terapia, remédios ou o que seja. Antes que se torne um vício ou ocorra uma tragédia. Evitam-se assim traumas para toda a vida. Famílias agressoras produzem filhos violentos.

Mais chocantes que qualquer pesquisa são as cenas que o médico Jorge Paulete, legista aposentado e professor de medicina legal, testemunhou: “Quanto mais deslavada a mentira dos pais, pior. Eu me lembro de uma criança de 2 anos toda quebrada. E a mãe dizia: ‘O senhor sabe, é que ela tentou trepar na geladeira para pegar o pinguim’. Vi criança com bolhas horríveis na boca, porque os pais, irritados com um palavrão, tinham esfregado malagueta crua nos lábios. Vi criança queimada porque tinha feito xixi. Os pais resolveram sentá-la na chapa do fogão para ela aprender a nunca mais fazer isso”.

A estatística da surra sem marcas não existe. É uma doença social sem registro. Muitos pais e mães que condenam os Nardonis como monstros cometem pequenas atrocidades sem perceber.

“A reação dos pais a uma desobediência do filho depende do bem-estar do casal”, diz a terapeuta familiar Roberta Palermo. “Se a mãe está tranquila, e o filho joga um copo de vidro no chão, ela dá uma bronca, explica que está errado e o ajuda a limpar. Se ela se irritou no trabalho ou com o marido, perde a paciência e o controle.”

Para Roberta, o estresse é o grande vilão. Por isso, há menos agressões a filhos entre os ricos. A mãe que conta com ajuda, creche e babá tem mais paciência. A mãe pobre e sobrecarregada fica mais nervosa e não sabe se impor a não ser pela agressão. Lemos histórias de mães que acorrentam os filhos em casa para sair para trabalhar. Além do estresse, há o alcoolismo. O pai operário que chega tarde e cansado depois de beber dificilmente será sensato com os filhos.

Todos precisam fazer a sua parte, denunciar, assumir e colaborar. Não dá para dormir em paz apenas porque os assassinos de Isabella foram considerados culpados.



RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Lugares legais para ir com crianças em Fortaleza


Como mediar o interesse dos pais, que querem um momento de descontração e entretenimento, com os dos filhos, que querem brincar, brincar, e brincar? Para fugir do esquema shopping, a saída são os restaurantes que comportam todo mundo e, principalmente, que possuem espaço e cardápio infantil.

Em Fortaleza, empresários de visão estão investindo muito nesses locais para diversão familiar. É claro que ainda são poucos e todos cobram pelos espaços, mas diante dos benefícios, não chega a ser um entrave.

Listo abaixo alguns deles com comentários de quem experimentou e avaliou.

Cantina di Napoli
Avenida Desembargador Moreira, 125, Meireles
Fone: 3234-0770


Restaurante italiano, que foi escolhido na última edição da Veja como o melhor da cidade. A comida é ótima, os preços bons, principalmente porque tem pratos bem servidíssimos para duas pessoas e pizza (!) que é o melhor para a meninada. O espaço de brincar fica no andar de cima e é excelente, uma espécie de aquário de vidro, climatizado, com brinquedinhos, videogames com tvs de LCD e também vídeos infantis. Agrada desde os pequeninos, que podem ficar montando pecinhas, desenhando ou vendo um vídeos daqueles que não deixam nem piscar os olhos, e também os maiores, já fissurados no joystick do videogame. Com muitas crianças e sem babá, a dica é reservar a mesa que fica em frente ao local, com visão privilegiada.


Dom Churrasco da Beira Mar
Av. Beira Mar, 3222 - Meireles
Fone: (85) 3242.2644

Fica bem pertinho dos trenzinhos da Beira Mar.Ideal para o fim de tarde. Tem um espaço pequeno, mas aconchegante. Com brinquedos grandes,como escorregadores, casinhas, labirintos, gangorras e poucos que privilegiam as habilidade manuais, é uma opção descontraída para todos.Lá o cardápio é multi: tem desde sushi, pastéis, churrasco, pizza até crepes e caranguejos (!). Os pastéis (porção pequena) são imperdíveis. No final de semana, aparece um palhaço por lá (mas os pequenos, às vezes, não gostam).


Picanharia
Av. Br. de Studart, 2470, Aldeota
Fone: (85) 32785008

Uma churrascaria simples que tem um espaço de brincar modesto, com cama elástica, mesa para desenhar e pintar e videogames.Para os pequenos, o tradicional filet com fritas e arroz branco. A vantagem é o preço, o serviço rápido e sempre tês mesas disponíveis.



Barraca Itapariká
Av. Zezé Diogo, 6801, Praia do Futuro
Fone: 3265-3213

Talvez o clima familiar, a limpeza e manutenção do espaço, a sombra maravilhosa nesses tempos de calor, façam a Itapariká o luga ideal para a praia do final de semana. Tem um parque aquático que só entram crianças e os acompanhantes, diferentemente das outras barracas, e também um playground para revezar com as brincadeiras na areia. A dica é ficar numa mesa em frente ao parque aquático, onde os coqueiros fazem uma supersombra, ou então procurar as barracas na parte central, onde a intensidade do sol é menor.


Para não ficar cansativo, depois posto mais dicas.